1 de setembro de 2009

Mosca Perfeita

Às vezes eu lembro-me da perfeição do ar a cair em si, da perfeição da água presente numa onda parada. Eu parada tento perceber com que intenção a mosca pousou na mesa e se dirije a mim - não arranjo explicação! - e agora já nem importa. Agora penso: às vezes a perfeição não tem explicação, às vezes a perfeição não tem importância.
Morro dentro desta imperfeição denominada corpo - o meu corpo - as forças presentes em mim são cada vez menos. Porém fico orgulhosa perante a saída disto, disto que para ti é um dédalo, uma limitação. Orgulho-me por te limitar com estes caminhos, agora já não há nada a fazer. Perdeste-me de vista e já não vale a pena esperar que o tempo passe, esperar por nada, ou pelo fim - que agora até acredito que já se tenha dado.
E eu digo-te: Agora já não estou parada, porque agora já não vale a pena esperar por ti.
" - Oh deusa, o irreparável e supremo mal está na tua perfeição!
(...) fugiu (...) para os trabalhos, para as tormentas, para as misérias - para a delícia das coisas imperfeitas. "
Eça de Queirós, in A Perfeição
Agora consegues perceber, oh mosca?

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