8 de fevereiro de 2012

O medo devora-me por dentro.

Eu quero sentir as ondas a bater nos meus pés de forma subtil. Quero ouvir o mar a chamar por mim no inicio de uma onda. Deixar-me envolver dentro dela até esta morrer. E quando a onda renascer, aí, apenas quero envolver-me dentro dela vez e vez seguida; até o pôr do sol se esconder e a praia ficar totalmente às escuras.

O medo põe fim a tantos prazeres da vida. O medo consegue condicionar tudo, tudo o que me rodeia, todas as minhas decisões.

Tenho dó de mim por este meu medo de errar, de magoar, de me magoar. Tenho dó de mim por esta cobardia que amaldiçoa a minha alma, há tanto tempo.

Não há maior prisão que os nossos medos.

#Vanessa Pereira

3 de fevereiro de 2011

São sempre as recordações. Talvez ingratas. Talvez abafadas. Mas são sempre as recordações.

São sempre as recordações.

Talvez ingratas.

Talvez abafadas.

Mas são sempre as recordações.

Everyone says you only fall in love once but thats not true, everytime I hear your voice I fall in love all over again.
"Everyone says you only fall in love once but thats not true, everytime I hear your voice I fall in love all over again."

Alma:

  • corpo feroz dentro de mim,
  • corpo sem corpo que me devora tudo o que sou.


Perdi o poder que tinha. Perdi o poder de sonhar, e, sem sonho, a minha vida perde o tom. O silêncio apodera-se de tudo, e, na minha cabeça, todo o barulho do mundo me eloquece.

A preto e branco vejo o céu, como vejo tudo o que me rodeia. Mas o sangue corre da minha alma para o meu pulso, do meu pulso para a faca, da faca para a pele e da pele para o chão. O sangue continua vermelho vivo de lágrima de dor, vermelho vivo de vida sem sentido.

O piano não pára, a lucidez já foi perdida. Sou incoerente, eloquente. Fujo de um mundo que todo ele faz sentido, um sentido que eu não entendo.



“A dor acostumada não se sente.” Luis Vaz de Camões

Sonho.

“As lágrimas são o sagrado direito da dor.” Franz Seraphicus Grillparzer

Sobras de ar, começo a sufocar de dor de amor. Quero legendar cada momento nosso, cada toque ao acaso, que parece ficar no ar sem sentido e sem significado aparente. Cada toque teu desmedido que me deixa perdida dentro de mim. Queria que me sentisses de maneira diferente.

Ao de leve ouço-te a abrir a porta para não me acordares do meu sono acordado. Entras no quarto, finjo que durmo enquanto ficas parado a olhar para mim e me dás um beijo. Deitas-te. Apagas a luz. Agarras-te a mim. Começo a chorar e percebes que afinal não estava a dormir. Não me largas um segundo, contigo sinto-me protegida. Abraço-te também. Beijo-te…

Nem tudo pode ser sempre como eu quero! Continuo a chorar, mas sozinha.

Saborear-te em pensamento.

Saboreio o teu olhar doce de amor. Queria explicar-te o verdadeiro significado de amar; de dar.

Já tão pouco sei, nestes dias em que não me felicito com a tua presença. Estes dias sem ti magoam a alma do meu coração.

Cada vez mais, sinto que já não sei viver sem ti, pelo menos, sem ti no pensamento. Adormecer a pensar em ti, acordar a pensar em ti, ouvir música a pensar em ti,… Tu!, sempre tu!. Impossível como não vejo mais nada para além de ti.

Anseio os teus lábios, anseio a tua mão na minha, o teu corpo no meu.

No silêncio paira a onda de lágrima de dor de não te ter aqui.


“Só pelo amor o homem se realiza plenamente.”

“Não há ninguém, mesmo sem cultura, que não se torne poeta quando o Amor toma conta dele.”

Platão

1 de setembro de 2009

Mosca Perfeita

Às vezes eu lembro-me da perfeição do ar a cair em si, da perfeição da água presente numa onda parada. Eu parada tento perceber com que intenção a mosca pousou na mesa e se dirije a mim - não arranjo explicação! - e agora já nem importa. Agora penso: às vezes a perfeição não tem explicação, às vezes a perfeição não tem importância.
Morro dentro desta imperfeição denominada corpo - o meu corpo - as forças presentes em mim são cada vez menos. Porém fico orgulhosa perante a saída disto, disto que para ti é um dédalo, uma limitação. Orgulho-me por te limitar com estes caminhos, agora já não há nada a fazer. Perdeste-me de vista e já não vale a pena esperar que o tempo passe, esperar por nada, ou pelo fim - que agora até acredito que já se tenha dado.
E eu digo-te: Agora já não estou parada, porque agora já não vale a pena esperar por ti.
" - Oh deusa, o irreparável e supremo mal está na tua perfeição!
(...) fugiu (...) para os trabalhos, para as tormentas, para as misérias - para a delícia das coisas imperfeitas. "
Eça de Queirós, in A Perfeição
Agora consegues perceber, oh mosca?